Dados do Trabalho

Título

Esporotricose disseminada com acometimento do sistema nervoso central - Relato de caso

Descrição sucinta do(s) objetivo(s)

Descrever os achados de imagem relacionados a esporotricose disseminada com
acometimento do sistema nervoso central (SNC) em um paciente imunodeprimido.

História clínica

Um homem de 35 anos com infecção por HIV, sob uso irregular de terapia antirretroviral, foi
admitido apresentando febre, alterações comportamentais, alucinações visuais, afasia e
paraplegia nas últimas duas semanas. Ele estava recebendo tratamento para esporotricose
disseminada. Três meses antes do início dos sintomas, a carga viral do HIV do paciente era
de 84.369 cópias/ml, e a contagem de células CD4 era de 257 células/mm3. A pele continha
placas crostosas violáceas com úlcera central nos membros inferiores diagnosticadas como
esporotricose (figura 1a). A análise do líquido cefalorraquidiano (LCR) demonstrou aumento
de proteínas e pleocitose. A cultura sanguínea e o sequenciamento revelaram o
crescimento de Sporothrix brasiliensis (figura 1b). A imagem por ressonância magnética
(IRM) mostrou leptomeningite difusa, predominantemente nas cisternas basais e
hidrocefalia comunicante, associados a pequeno granuloma realçado por contraste na ponte
(figura 2).

Discussão e diagnóstico

A esporotricose é uma micose de implantação que pode ser causada por Sporothrix
brasiliensis, endêmica no território brasileiro. Ela atinge principalmente a pele, mas
aproximadamente 8% dos indivíduos podem desenvolver a forma disseminada, mais
comumente relacionada a pacientes imunocomprometidos. O acometimento do SNC pode
acontecer como meningite crônica isolada ou como uma das manifestações da doença
disseminada. Nesta forma, até 17% dos pacientes apresentam manifestações no SNC,
embora a incidência exata seja incerta, e os achados de imagem podem estar ausentes,
mas a ressonância magnética do crânio pode demonstrar leptomeningite, hidrocefalia
comunicante e granulomas realçados por contraste.

Conclusões

A esporotricose é endêmica do território brasileiro e costuma causar principalmente
manifestações cutâneas. Contudo, em pacientes imunodeprimidos que apresentam
sintomas neurológicos deve-se levantar a suspeita de infecção disseminada com
acometimento do SNC. Nesses pacientes, a ressonância magnética de crânio assume um
papel importante, já que auxilia no diagnóstico diferencial e consequentemente no manejo
clínico correto.

Palavras Chave

Esporotricose; Neuroinfecção; Imunodepressão

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