Dados do Trabalho
Título
Papilomatose traqueobrônquica: o que o radiologista precisa saber
Introdução e objetivo(s)
A papilomatose traqueobrônquica é uma condição rara caracterizada pela proliferação de papilomas de células escamosas no epitélio respiratório da traquéia e dos brônquios, intimamente relacionada à infecção pelo papilomavírus humano (HPV). Tem distribuição etária bimodal: a forma juvenil é mais agressiva e recorrente, associada à infecção vertical; enquanto a forma adulta é relacionada à contaminação sexual.
Os objetivos deste estudo são: compreender a fisiopatologia da papilomatose, correlacionando com os principais achados de imagem a fim de auxiliar no diagnóstico presuntivo.
Método(s)
Ensaio pictórico baseado em casos originais e revisão literária sobre o tema.
Discussão
A papilomatose pode acometer o epitélio respiratório de toda a via aérea, sendo a laringe o local mais acometido, e menos comumente, traqueia e brônquios. O acometimento pulmonar é raro. A infecção pelo HPV, sobretudo os tipos 6 e 11, induz a proliferação anormal do epitélio escamoso respiratório, de forma lenta e progressiva.
A disseminação endobronquial surge após 10 anos do papiloma laríngeo e ocorre por contiguidade e fatores iatrogênicos. Os fatores de risco são a infecção pelo HPV 11, procedimentos invasivos e idade menor que 3 anos. Existe ainda um risco de transformação maligna para carcinoma de células escamosas do pulmão, cujos fatores de risco são infecção pelo HPV 16 e 18, tabagismo e radiação prévia.
Os principais sintomas são tosse persistente, dificuldade respiratória e obstrução das vias aéreas. O diagnóstico definitivo é feito pela análise histopatológica através da broncoscopia.
A radiografia de tórax costuma ser normal, porém na doença disseminada pode haver opacidades parenquimatosas de aspecto sólido ou cavitário. Na tomografia computadorizada podem ser evidenciadas desde as lesões na árvore traquobrônquica, até o acometimento pulmonar, caracterizado na forma de nódulos, lesões escavadas de paredes espessas ou císticas, com predileção pelas regiões basais posteriores devido ao efeito gravitacional. Também pode haver bronquiectasias, atelectasias e impacção mucoide.
O tratamento cirúrgico ou broncoscópico é paliativo devido à alta taxa de recorrência da doença e a dificuldade da ressecção com margens livres.
Conclusões
A papilomatose traqueobrônquica é uma patologia rara, com potencial maligno. Reconhecer os padrões de imagem tomográficos mais característicos é essencial a fim elucidar uma abordagem diagnóstica mais assertiva.
Palavras Chave
papilomatose traqueobrônquica; HPV; imagem do tórax
Arquivos
Área
Tórax
Instituições
Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP) - São Paulo - Brasil
Autores
HEYTOR JOSÉ OLIVEIRA CABRAL, HELEN RIBEIRO OLIVEIRA, BRENDA NAJAT BOECHAT LAHLOU, TAMIRES MORITA, ISABELA HOHLENWERGER SCHETTINI, TACIANE BRINCA SOARES SALITURE, JULIANA AMORIM TEIXEIRA GRILL, CASSIO GOMES DOS REIS JUNIOR, ALEXANDRE MARCHINI SILVA